quinta-feira, 30 de julho de 2009

Não mate suas lembranças



Quando era mais jovem, tinha um tio que tinha sido muito rico e influente em uma cidade do nordeste. Aproveitou a vida como quis, teve poder, teve muitas mulheres (casou seis vezes) e teve vários filhos e só cuidou do último. Tempo passou, perdeu tudo e vivia sozinho em uma pensão do Estácio aqui no Rio. Alguns filhos o ajudavam e outros o odiavam.
Uma irmã dele, com posses, além de mantê-lo, sempre oferecia a oportunidade dele voltar e rever e passar pelos lugares onde ele tinha sido rei. Ele sempre recusava e não explicava o porquê. Era muito estranho para mim ele não aceitar. Eu não entendia a recusa e dizia que se fosse eu iria sem pensar.

Tempo passou, o tio morreu e vida que segue. Não pensei nisso até que um dia recebi o convite de um amigo para visitar uma empresa em que eu tinha trabalhado há muito tempo. Eu tinha sido gerente e tinha tido poder. Foram muitos anos trabalhando lá e grandes momentos felizes da minha vida estavam guardados na lembrança daquele tempo. Fui recebido com educação e atenção, mas eu era um total desconhecido. Os poucos amigos que ainda trabalhavam lá me receberam um pouco distante. O tempo tinha feito o seu papel. Algumas ações que eu tinha tomado na época eram hoje reputadas a outras pessoas.

Sai de lá triste. A visita matou muitas boas lembranças que eu tinha do tempo em que trabalhei lá. De imediato eu me lembrei do meu tio e entendi porque ele não quis nunca voltar. É, o tempo passa e nunca será possível voltar e viver um tempo que passou. Isso reforça em mim a idéia do viver intensamente cada minuto.

Não! Não sou saudosista. Vivo o meu tempo e repito algumas vezes que meu tempo é hoje. Boas lembranças, aquelas que não temos como reviver, concordam que devemos deixá-las onde elas estão? Acho que só assim podemos preservá-las e mantê-las na forma que elas são criadas e nos dando prazer em relembrá-las. E se tivermos que voltar, devemos ver aquilo como novas lembranças. Se não for interessante então não vá.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

CQC – Custe o que custar

Um pouco de televisão. Aproveito esse espaço para falar do CQC, programa da TV Bandeirantes que está fazendo sucesso entre nós, especialmente entre os jovens.


Desde o inicio gostei do programa. Embora tenha praticamente o mesmo objetivo do “Pânico na TV” da Rede TV, CQC é inteligente, consegue abordar os temas e personalidades de forma que não seja tão agressivo. Na verdade às vezes beira o agressivo sem o ser. É isso que talvez faça dele interessante. Classificado como programa humorístico é mais que isso, informando e principalmente, divertindo. É uma versão Argentina aqui na nossa terra. Nossos “irmãos do sul” mandaram muito bem .

A Bandeirantes usa o artifício de colocar no ar o CQC só após terminar a novela das oito da Globo. É apresentado por Marcelo Tas, tem em sua bancada Marco Luque e Rafinha Bastos. As reportagens ficam a cargo de Rafael Cortez, Danilo Gentili, Felipe Andreoli, Oscar Filho. Os quadros que mais gosto são: Top Five, Palavras cruzadas, CQTeste, CQC Investiga entre outros. Não, não é uma propaganda do programa. É apenas um reconhecimento por quem trabalha bem e um resultado que agrada desde o inicio e que já ganhou vários prêmios. É engraçado sem fazer força ao contrário dos similares.

Mesmo em se tratando de um programa premiado existem alguns pontos negativos. Marco Luque as vezes é um pouco “over”. Quando o programa é ao vivo surgem situações como nessa segunda quando Marcelo Tas, fazendo a chamada para a seleção do oitavo membro para o programa, falou um besteira que no final se tornou uma piada. Ponto para eles, mas podia não ser. Outro ponto é ler os créditos do programa ao seu final. Tem que ter olho rápido e curso de leitura dinâmica, no entanto perde-se o que os apresentadores falam ao final do programa. Muito ruim, além de ser um desrespeito aos profissionais. Isso pode melhorar.

Mas nada diminui o sucesso do programa que é excelente e caiu no gosto popular.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Você acredita nisso?


Você sabe qual é o meio de transporte mais seguro? Não? Não é o avião. É o elevador. Estatisticamente a possibilidade de morrer em acidente com elevador é praticamente zero. Para mim isso não vale. Não considero elevador meio de transporte. O segundo meio de transporte mais seguro é o avião, mas nos dias de hoje, quando em menos de dois meses três grandes acidentes de avião aconteceram e que mais de seiscentas pessoas morreram, fica difícil acreditar.

Como muitos sabem, amo aviação e faço de cada viagem uma nova experiência em voar. Conheço todos (sic, quase todos) modelos de avião comercial e posso contar as histórias dos mais famosos modelos desde a sua concepção. Quando estou voando, me sinto exatamente nas nuvens, não fisicamente. Apesar de tudo isso, sei muito bem que se aquele “bicho” aterrissar só um pouco de lado haverá possivelmente um incidente. É exatamente isso. Acidentes aeronáuticos dificilmente acontecem, mas quando ocorrem quase sempre um grande desastre está presente, ainda mais nos dias de hoje em que as aeronaves transportam cada vez mais passageiros. Milhares de pessoas morrem diariamente ao ano no Brasil nas estradas, muito mais dos que morrem em acidentes de avião e isso não causa grandes preocupações. Deviam!

Para quem tem medo, viagem de avião é uma tortura. Cada barulho estranho, cada movimento do avião nos deixa mais tenso ainda. As mãos suam e o rosto fica pálido. Alguns olham para os rostos dos comissários, querendo adivinhar se eles estão realmente calmos ou fingindo. Tenho uma tia que quando viajava de avião bebia muito (naquele tempo era servido vinho, cerveja, etc) e dizia que ficava mais alta que o avião. O que sei é que quando o avião toca o solo do nosso destino parece que um peso sai do nosso coração.

Não dá para deixar de viajar de avião nas nossas viagens de férias, negócios ou qualquer outro motivo. Que o avião é um meio de transporte seguro nós sabemos. Sabemos também que as empresas sérias tem uma atenção especial para treinamento e manutenção das aeronaves. Então vamos aproveitar nossas viagens com mais calma.

Se ajudar, podemos pensar que se não for o dia do piloto estaremos salvos. Aquela minha tia em época de muitos desastres não viaja nem a pau. Diz que não quer contribuir para as estatísticas, mas se a viagem for inadiável e você morre de medo só tem um jeito: viver intensamente cada dia para o caso de seu dia chegar você morre satisfeita. Brincadeirinha...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Houve uma Helena na minha vida.


Ela chegou devagar, desconfiada, olhando e examinando tudo com olhos atentos e luminosos. Ela veio de longe e logo me conquistou. De imediato estabelecemos um diálogo, embora não falássemos a mesma língua. Na verdade não era justo, pois ela me entendia quase completamente e eu não sabia uma palavra da língua que ela falava, mas mesmo assim batemos altos papos. Seu olhar curioso não deixava escapar nada em volta. Então ela foi ficando por ali, preenchendo meus minutos e horas completamente.

Em pouco tempo já estava íntima da casa e sabia onde ficava o que lhe interessava. No café da manhã adorava sucrilhos. Na verdade a qualquer hora do dia. Por vezes me fazia pergunta na sua língua com uma cara que me deixava intrigado. É que eu não sabia direito se era uma pergunta para saber se eu estava entendendo da forma que ela estava ou se ela estava só querendo se informar. Lembro da hora em que liguei a televisão pela primeira vez. Seu rosto irradiou uma alegria que não entendi. Olhava para mim e falava rápido o que parecia uma explicação do que via. Helena veio para ficar e para mim ela poderia ficar o tempo que quisesse.

Em uma manhã fria, não muito típica do Rio, ela se foi. Se foi assim como chegou, sem avisar. Olhou nos meus olhos e disse “tchau”, assim com sotaque nada carioca que só ela podia dizer e me beijou no rosto. Eu me segurei para não me emocionar. Minha última visão foi ela caminhando em direção ao taxi de mãos dadas com o pai. Parou, se voltou e deu adeus com aquela mãozinha. Enquanto o taxi se afastava e Helena com os olhos fixos em mim, não pude deixar de pensar quando seria a próxima vez que eu a veria. Talvez nunca, mas aquela menina que veio de longe, linda, meiga e ingênua iria crescer e talvez perder todo aquele encanto, mas na minha lembrança ela ficaria intacta. E eu ia querer que fosse sempre assim para não perder o encanto. “Tchau” Helena!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Tia Zitinha, oitenta anos!

Experiência única é poder reviver a saudade. Vivenciar nem que seja um pouquinho, de fatos que se recorda com grande carinho, como querendo que eles se tornem realidade, mas que bem sei ser bem difícil. Então quando isso acontece, mesmo que seja um lampejo, é uma grande satisfação.

Nos seu aniversário puder viver um pouco o passado. Logo eu que estou sempre falando que meu tempo é hoje, me peguei escutando histórias da minha infância, dos meus parentes e dos meus avós e me deliciando com tudo aquilo. Reunidos, três gerações ou mais, todos levados pelo seu oitenta anos, matriarca da nossa família, vi passar por mim imagens e lembranças que morro de saudade.


Desculpe, se a lembrança mais forte não seja o baile, a grande noite que foi linda e que foi linda muito mais por mostrar uma oitentona radiante de felicidade e prazer. Podia ver nos seus olhos, olhos de uma menina de oito anos, uma alegria sem limite, que parecia querer aproveitar tudo até o bagaço.

A lembrança mais forte é a reunião do dia seguinte, uma espécie de “enterro dos ossos” sem ser pois , as iguarias que há muito eu não provava, foi o pano de fundo para as conversas saudosas. Sim, o que ficou mesmo foi todos reunidos a contar histórias, lembranças de tempos idos. Não, eu não pensava que iria receber isso de presente.

Pude de forma real reviver as minhas lembranças e um medo forte me apossou. Quando eu poderia passar por uma experiência dessa outra vez? Não falo por você que para mim irá ultrapassar os cem anos, mas por mim que tenho a impressão, não serei tão longevo. Tranqüilo, pois saiba que eu enquanto estiver por aqui, meu tempo será sempre “hoje”, mas com muito gosto farei incursões ao passado para reviver outras saudades.

Talvez você não saiba, mas eu sempre te admirei e tentei ao meu jeito te imitar, ser um pouco você. Claro, quem não quer ser uma pessoa lutadora, que enfrenta a vida de cara lavada, às vezes até com medo, mas não deixando ele te dominar. Admiro muito a sua força, a sua capacidade de enfrentar os desafios, vencê-los e seguir em frente sem deixar de ser doce e dar amor a todos que precisava de você. Que os outros sobrinhos não me leiam, mas eu me considero o sobrinho predileto. Pensava que se eu fosse um pouco você eu seria muito. A sua vitória é um pouco minha.

E eu ali, sendo um pouco testemunha, mas com certeza um participante ativo de um pouco da sua vida. Vida que nos separou fisicamente, mas nos mantém juntos em pensamento. Poucas vezes me senti tão bem e fica a certeza que é preciso muito pouco para se ser feliz. Eu ali junto aos meus, bebendo das minhas raízes e sendo um pouco do que ficou pelo tempo.

Um beijo

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Estou de volta...

Bem, depois de muito tempo, acho que desde março desse ano, me afastei do blog, em função de várias atividades: estudar para concurso, um emprego provisório que me consumiu tanto fisicamente como mentalmente, viagem a Recife para aniversário da minha tia mais querida (delícia), viagem a São Paulo para ver/rever amigos, lugares e me divertir e mais recentemente meu aniversário, que esse ano foi desastroso. Conto tudo depois, um por um.

De volta, com muita coisa pra contar e com muita garra, daqui não saio, pelo menos por muito tempo, mesmo que ninguém leia. Quem sabe um dia.....

Agora é arregaçar as mangas e trabalhar. Arrumar as coisas da minha vida (divórcio, lance da minha casa nova, trabalho, etc) e seguir a minha vida que espero seja com quem eu amo e me faz feliz. De qualquer forma tenho certeza que um novo ciclo se abriu. Vamos lá, pois se ficar parado, vem alguém e passa por cima. Até....