segunda-feira, 28 de setembro de 2009

DIVULGANDO PELA INTERNET

Ontem acordei com um telefonema do meu irmão me dizendo para eu acessar o site do CBN, pois um pedaço de um “post” publicado no meu blog, estava reproduzido em uma reportagem do Max Gehringer. Não acreditava no que estava ouvindo, fui lá verificar e vi que, palavra por palavra, parte do meu “post” estava reproduzido integralmente. Só mudava em dois pontos: o número de meses e o cargo da pessoa do meu exemplo.

Como sempre acontece, isso me abriu os olhos e passei a prestar atenção nas notícias a esse respeito e então descobri coisas de estarrecer. Sei que a internet é livre e que esse tipo de apropriação pode ocorrer, mas não pensava que estivesse tão disseminado.

Nada disso é novo. Todos sabemos que colegas ou amigos de amigos, pegam na internet parte ou até mesmo um trabalho inteiro de mestrado, MBI, etc, e com pequenas modificações ou as vezes nenhuma, apresenta como sendo seu. Quando eu trabalhava na Varig, por volta de 2004, um setor da empresa apresentou para nós da informática, um jovem que para eles era um gênio. O jovem fazia pequenos sistemas de uso local na Web, para atender necessidades específicas do setor com muita rapidez. O gerente só nos procurou, pois precisava obter informação do nosso Bando de Dados. Tivemos de entrar no circuito e descobrimos que o jovem acessava alguns sites e roubava sistemas inteiros de outras empresas aéreas e o apresentava como sendo seu. Não preciso dizer que isso acabou na polícia, mas não deu em nada por questão de legislação.

Que isso pode ser terrível para setores acadêmicos, onde é difícil verificar a fraude, eu tenho certeza. Recentemente, uma tese de Mestrado foi cancelada (não sei se esse é o nome certo), pois foi descoberto que ela reproduzia integralmente uma tese de um professor feita em 2001. Só foi descoberta porque o professor que teve a tese reproduzida fazia parte da banca e preparou tudo para surpreender o candidato. Terrível não é?

E nós, escritores de horas vagas ou de todas as horas, como ficamos nisso? E o direito autoral, registrado no Ministério da Cultura nos protege? São perguntas que faço e não tenho uma boa resposta. É divulgado que os grandes escritores, roteiristas de novela e cinema, por contrato, não podem ler sinopses. E nós, que precisamos ardentemente mostrar nossos trabalhos como ficamos? Queremos ser lidos, queremos ser descobertos e como eles vão acreditar no nosso talento se não lerem nossos trabalhos? O que nos resta é utilizar a internet.

São casos e casos. No caso da reprodução da tese de mestrado, pau nele. No caso do analista de sistemas fajuto aplique-se a lei. E no caso da reprodução do meu post nada podia ser feito e mesmo assim para mim isso mostrou que tenho algum talento, mas claro que foi uma apropriação indébita. Não concordo com isso, mas a internet é um território livre e sabemos que uma vez lá, esse tipo de crime não pode ser evitado. Já vi vários temas colocados por nós, nos nossos blogs, sendo abordados com muito mais profundidade e riqueza de detalhe pelos sites da Globo, Record, e outros. Eles bebem na nossa fonte e como tem muito mais poder financeiro e recursos desenvolvem melhor a idéia, transformando-as muitas vezes em reportagens veiculas nos canais de TV. Somos fontes para esses sites sem ganharmos nada em troca.

Então só nos resta seguir em frente tentando mostrar nosso talento e ser visto por quem interessa, mesmo que utilizando a internet, corramos o risco de ter nossa obra apropriada indevidamente.

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