Afastado por estar momentaneamente envolvido em outros afazeres, volto em um texto curto, prometendo logo, logo ficar aqui mais vezes.

(Texto baseado em uma frase de José Simão)
Quero tomar coragem e enviar para a produção da novela “Viver a Vida” de Manoel Carlos, que passa na TV Globo por volta das 21:00 horas, um depoimento a ser utilizado na novela no final de um capítulo. O texto diz o seguinte:
“Meu nome é Carlos Alexandre, tenho 35 anos, sou divorciado, um filho com oito anos e me dou bem com a minha ex. Não sofri acidentes nem passei por situações que tive que ter uma superação. Passei vários momentos na minha vida em que tive de apelar para a minha força de vontade e motivação afim de alcançar meus objetivos. Não sou rico, trabalho para pagar as minhas contas e viver dignamente. Estudei muito para chegar aonde cheguei e preencho minha vida com tudo aquilo que sempre sonhei ter e busco mais. Procuro ser o melhor pai do mundo para meu filho educando e preparando-o para esse mundo real. Pretendo comprar um imóvel onde sempre sonhei morar. Estou sempre ajudando meus familiares, amigos e até pessoas que nem conheço, pois possuo condições financeiras para isso, mas tenho que confessar que poderia fazer muito mais. Sou feliz!”
O que acham? Será que eles aceitarão e colocarão o texto no ar?
Na verdade isso é uma crítica a essa prática que Manoel Carlos iniciou na novela anterior e continua a fazer nessa. Os textos são “”” chaaatos”””, sempre falando coisa parecida. Se ainda fossem alguma coisa interessante como a senhora que confessou ter se masturbado e gozado ao ouvir a música do Roberto podia ser. A senhora em questão foi execrada pela sociedade, perdeu o emprego e sofreu toda espécie de perseguição só porque falou o que sentia e que muitos fazem escondidos.
Pobres hipócritas!
(A velha babada)
(Assista o vídeo. É só clicar)
Sou radicalmente contra os textos ao final de cada capítulo, mas se tem que existir aqueles textos “””” chaaatos”””, que sejam pelo menos criativos e diversificados e coloquem por favor um pouco de humor. Sempre apelam para o triste, o sofrido e a superação. São lindos, mas chega!
Como o povo gosta de uma história triste!
O tempo passa rápido, sabemos, e ontem vi que estou há um ano desempregado. Tirando um trabalho aqui, outro ali e uma colocação de prestação de serviço em uma empresa de seguros, que durou quase dois meses no inicio desse ano, estou em uma busca incessante e porque não dizer, infrutífera por um trabalho, preferencialmente na minha área: Analista de sistemas Mainframe.
Se isso parece um desabafo, pode ser. Se for, não é um desabafo qualquer. É um desabafo consciente, onde busco entender por que isso acontece, que mecanismos existem para que uma pessoa que tem formação universitária, duas pós-graduações, que trabalhou em grandes empresas em cargos de destaque como gerente e líder de equipe, tomando decisão e considerado “key position”, além de ter inglês fluente e espanhol aprendido na Casa de Espanha, não consegue uma colocação.
Quando mostro meu currículo o comentário é que ele é muito bom e por isso não devo aceitar qualquer colocação. Minha pergunta é: bom para quem, se não consigo nada? Para vocês terem noção do que eu digo vejam a seguir. Em uma entrevista de emprego na fase final, em uma empresa de telefonia móvel, para o cargo de gerente de projetos de informática, deu-se o seguinte diálogo entre mim e o gerente da área:
o Bem Sr. Carlos. Nós estamos fechados e o Sr. é o candidato que escolhemos. Falta só preencher essa ficha e iniciaremos o processo de admissão. Vejamos, qual a sua idade, por favor?
o Quarenta e nove anos (notem que eu disse dez anos menos da minha idade real).
o Quarenta e nove, é isso?
o É
o Eu pensei que o Sr tivesse um pouco mais de 40 anos (quem me conhece sabe que pareço bem menos idade do que realmente tenho) por causa do seu email carlos38@.... .
o Eu tenho um pouco mais do que isso.
o Bem! Eu vou conversar com o meu diretor e depois entramos em contato. Boa tarde!
o Boa tarde.
Não é preciso dizer que esse contato nunca ocorreu. É! A questão é a idade. Como sabemos a nossa cultura não privilegia, em geral, e principalmente, profissionalmente, pessoas após determinada idade. Salvo profissões autônomas e altos cargos nas empresas, a idade não muito avançada (após 45 anos) é um cartão vermelho. É um paradoxo, pois cada vez se vive mais e a população com mais idade aumenta.
Na novela “Caminho das Índias”, atual folhetim das nove horas da TV Globo, vemos que nos países asiáticos, no caso a Índia, a cultura considera as pessoas idosas como um tesouro, pelo conhecimento e o que representam. Não vivemos na Ásia então.............
Preciso mostrar que devemos mudar esse paradigma, mas primeiro é preciso encontrar uma trabalho, mesmo que não seja na minha área profissional. Para isso, uso todos os meios que tenho, inclusive esse blog: internet (lista de amigos, sites especializados,etc), rede de amigos, conhecidos, parentes, anúncios, etc., mas está difícil.
Financeiramente não estou mal, o que ganho com a aposentadoria (sim... estou aposentado após mais de 38 anos contribuindo para o INSS) dá para viver modestamente já que moro em imóvel que não pago aluguel e tenho alguma poupança. No entanto isso melhoraria muito se pudesse ter uma colocação que me permitisse ter um ganho mensal maior.
No fundo, no fundo o caso não é exatamente esse. É o fato de ser uma pessoa plenamente capaz de desenvolver uma atividade, e ter uma consciência de ser útil ao meio em que vivo e por mim mesmo, capaz de prover e satisfazer minha existência.
Claro que desenvolvo atividades paralelas para ocupar o tempo ocioso como: estudo para concurso (estou começando a acreditar que essa é a única saída), pinto quadros abstratos, escrevo roteiros e contos esperando alguém reconhecer o valor e canto, embora essa é uma das atividades que menos exerço atualmente. São todas atividade paralelas, que não trazem ganhos, pelo menos atualmente, mas preenchem o meu espaço vazio.
Emocionalmente estou bem comigo mesmo e com quem está ao meu lado e isso é a melhor coisa que tenho. No mais é seguir, não se deixando abater jamais, kkkkkkk.
O trecho da música “Guerreiro menino (um homem também chora)“ abaixo, de Fagner, mostra condensadamente tudo o que eu quis dizer:
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seu sonho é sua vida e a vida é o trabalho
e sem o seu trabalho um homem não tem honra
e sem a sua honra se morre se mata
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Meu neto não é lindo?