domingo, 15 de novembro de 2009

Registros do Cotidiano em tempo de twitter

Afastado por estar momentaneamente envolvido em outros afazeres, volto em um texto curto, prometendo logo, logo ficar aqui mais vezes.

Carlos Carvalho ..... a novela "Viver a vida" devia se chamar "Viver a desgraça!". Temos uma tetaplégica, uma alcoolotra e dez chifudos. E não estou falando daqueles posts no final de cada capítulol. É muita desgraça junta, não?
(Texto baseado em uma frase de José Simão)

domingo, 25 de outubro de 2009

Porque será?

Quero tomar coragem e enviar para a produção da novela “Viver a Vida” de Manoel Carlos, que passa na TV Globo por volta das 21:00 horas, um depoimento a ser utilizado na novela no final de um capítulo. O texto diz o seguinte:

Meu nome é Carlos Alexandre, tenho 35 anos, sou divorciado, um filho com oito anos e me dou bem com a minha ex. Não sofri acidentes nem passei por situações que tive que ter uma superação. Passei vários momentos na minha vida em que tive de apelar para a minha força de vontade e motivação afim de alcançar meus objetivos. Não sou rico, trabalho para pagar as minhas contas e viver dignamente. Estudei muito para chegar aonde cheguei e preencho minha vida com tudo aquilo que sempre sonhei ter e busco mais. Procuro ser o melhor pai do mundo para meu filho educando e preparando-o para esse mundo real. Pretendo comprar um imóvel onde sempre sonhei morar. Estou sempre ajudando meus familiares, amigos e até pessoas que nem conheço, pois possuo condições financeiras para isso, mas tenho que confessar que poderia fazer muito mais. Sou feliz!

O que acham? Será que eles aceitarão e colocarão o texto no ar?

Na verdade isso é uma crítica a essa prática que Manoel Carlos iniciou na novela anterior e continua a fazer nessa. Os textos são “”” chaaatos”””, sempre falando coisa parecida. Se ainda fossem alguma coisa interessante como a senhora que confessou ter se masturbado e gozado ao ouvir a música do Roberto podia ser. A senhora em questão foi execrada pela sociedade, perdeu o emprego e sofreu toda espécie de perseguição só porque falou o que sentia e que muitos fazem escondidos.
Pobres hipócritas!

(A velha babada)

(Assista o vídeo. É só clicar)

Sou radicalmente contra os textos ao final de cada capítulo, mas se tem que existir aqueles textos “””” chaaatos”””, que sejam pelo menos criativos e diversificados e coloquem por favor um pouco de humor. Sempre apelam para o triste, o sofrido e a superação. São lindos, mas chega!

Como o povo gosta de uma história triste!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Rio de Janeiro! Você não vale nada, mas eu gosto de você......


Todo esse noticiário sobre a violência no Rio de Janeiro, neste último fim de semana – tudo aconteceu aqui bem perto e pude ouvir todo o tiroteio, tendo inclusive a rua em que moro ficado interditado para tráfego durante todo sábado – lembrei de algumas situações que passei que me puseram bem perto de uma favela.

No final dos anos cinqüenta meu pai, minha mãe, um irmão, uma irmã e eu viemos de Recife para o Rio de Janeiro em um navio Ita. Ita era a abreviatura da Companhia de navegação ITA e o navio que eu vim chamava-se Itacuruça. Como se diz: “Peguei um Ita no norte”!
Aqui ficamos hospedados na casa de uma prima no pé do moro de São João. Nas tardes quentes, ficávamos ali brincando e interagindo com o pessoal. A minha lembrança dessa época é a melhor possível. Eu tinha seis anos e as minhas primeiras amizades foram com alguns garotos da redondeza. Lembro até hoje de tia Nanci, que me adorava e durante muito tempo me visitou onde eu morava. Um dia sumiu e alguns dias mais tarde, soubemos que tinha morrido. Foi talvez minha primeira perda.Chorei muito!

Bem mais tarde uma tia de Recife veio ao Rio. Ela queria visitar uma antiga empregada e então procuramos por toda a favela do Esqueleto (esta favela ficava onde hoje fica a UERJ). Foi difícil e no final da tarde encontramos. Passamos o dia todo lá, almoçamos e o pessoal nos tratou bem e parecia que nos conhecia.
Outra vez, essa mesma tia queria encontrar um amigo que morava no fim da Rua Leopoldo, isto é, favela. Dessa vez, lembro de ter visto pessoas mal encaradas nos observando enquanto subíamos e para ir embora o filho da senhora teve que nos levar até lá embaixo. Espécie de escolta.

Bem mais recentemente, aceitei o convite de uma senhora faxineira do trabalho para uma feijoada na casa dela. Visual bonito da laje onde foi feito o almoço, mas tive que subir com ela, na hora marcada, para não nos perder e para o “pessoal” saber quem eu era. Foi recomendado não me afastar, nem conversar com qualquer um. Apesar de toda alegria e descontração, sentia uma espécie de medo no ar. Claro que para ir embora o filho dela me levou até o pé do morro.

É isso aí! A vida muda e as favelas também. Lá moram pessoas excelentes, mas viver perto delas é um perigo. Longe também. Nunca sabemos o que pode acontecer. É perigo constante. Aquele tempo do filme “Orfeu do Carnaval” não existe mais mesmo. Lembra muito uma roleta russa quando chego em casa de madrugada e nada me aconteceu. Parece que a qualquer momento podemos ser penalizados por teimar em viver no meio desse “stress”. Não me perguntem a solução, não sei!



Tal qual quando trabalhamos em um lugar perigoso e recebemos uma bonificação por “periculosidade”, deveríamos receber também o mesmo por morarmos aqui, enquanto as autoridades permitirem essa situação. Nem toda beleza natural paga o “stress” do simplesmente viver assim. Praias, Pão de Açúcar, montanhas, mar, mas .......

É que nem os versos daquela música:

“Você não vale nada, mas eu gosto de você....
..... e eu queria saber por quê?”

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

TARCISIO MEIRA TRANSA COM BETTY FARIA


Calma! Isso é apenas uma manchete divulgando novela da época, de uns trinta anos atrás, na revista Melodias.

Naquele tempo, era comum colocar nas manchetes das revistas não os nomes dos personagens que eram vividos nas telas e sim os nomes dos atores vivendo as ações dos seus personagens.

No final de semana passada, passeando por Petrópolis, vi a seguinte manchete sobre a novela “Viver a vida” de Manoel Carlos, em uma banca de revista: Miguel (Mateus Solano) mata Jorge (Mateus Solano) em defesa por ciúmes de Luciana (Aline Moraes). Miguel e Jorge são gêmeos na novela.

Fiquei pensando como ficaria a manchete se ela fosse dada a uns trinta anos atrás:
"Mateus Solano mata Mateus Solano em defesa por ciúmes de Aline Moraes".

E isso aí? Estranho né?

DIVULGANDO PELA INTERNET

Ontem acordei com um telefonema do meu irmão me dizendo para eu acessar o site do CBN, pois um pedaço de um “post” publicado no meu blog, estava reproduzido em uma reportagem do Max Gehringer. Não acreditava no que estava ouvindo, fui lá verificar e vi que, palavra por palavra, parte do meu “post” estava reproduzido integralmente. Só mudava em dois pontos: o número de meses e o cargo da pessoa do meu exemplo.

Como sempre acontece, isso me abriu os olhos e passei a prestar atenção nas notícias a esse respeito e então descobri coisas de estarrecer. Sei que a internet é livre e que esse tipo de apropriação pode ocorrer, mas não pensava que estivesse tão disseminado.

Nada disso é novo. Todos sabemos que colegas ou amigos de amigos, pegam na internet parte ou até mesmo um trabalho inteiro de mestrado, MBI, etc, e com pequenas modificações ou as vezes nenhuma, apresenta como sendo seu. Quando eu trabalhava na Varig, por volta de 2004, um setor da empresa apresentou para nós da informática, um jovem que para eles era um gênio. O jovem fazia pequenos sistemas de uso local na Web, para atender necessidades específicas do setor com muita rapidez. O gerente só nos procurou, pois precisava obter informação do nosso Bando de Dados. Tivemos de entrar no circuito e descobrimos que o jovem acessava alguns sites e roubava sistemas inteiros de outras empresas aéreas e o apresentava como sendo seu. Não preciso dizer que isso acabou na polícia, mas não deu em nada por questão de legislação.

Que isso pode ser terrível para setores acadêmicos, onde é difícil verificar a fraude, eu tenho certeza. Recentemente, uma tese de Mestrado foi cancelada (não sei se esse é o nome certo), pois foi descoberto que ela reproduzia integralmente uma tese de um professor feita em 2001. Só foi descoberta porque o professor que teve a tese reproduzida fazia parte da banca e preparou tudo para surpreender o candidato. Terrível não é?

E nós, escritores de horas vagas ou de todas as horas, como ficamos nisso? E o direito autoral, registrado no Ministério da Cultura nos protege? São perguntas que faço e não tenho uma boa resposta. É divulgado que os grandes escritores, roteiristas de novela e cinema, por contrato, não podem ler sinopses. E nós, que precisamos ardentemente mostrar nossos trabalhos como ficamos? Queremos ser lidos, queremos ser descobertos e como eles vão acreditar no nosso talento se não lerem nossos trabalhos? O que nos resta é utilizar a internet.

São casos e casos. No caso da reprodução da tese de mestrado, pau nele. No caso do analista de sistemas fajuto aplique-se a lei. E no caso da reprodução do meu post nada podia ser feito e mesmo assim para mim isso mostrou que tenho algum talento, mas claro que foi uma apropriação indébita. Não concordo com isso, mas a internet é um território livre e sabemos que uma vez lá, esse tipo de crime não pode ser evitado. Já vi vários temas colocados por nós, nos nossos blogs, sendo abordados com muito mais profundidade e riqueza de detalhe pelos sites da Globo, Record, e outros. Eles bebem na nossa fonte e como tem muito mais poder financeiro e recursos desenvolvem melhor a idéia, transformando-as muitas vezes em reportagens veiculas nos canais de TV. Somos fontes para esses sites sem ganharmos nada em troca.

Então só nos resta seguir em frente tentando mostrar nosso talento e ser visto por quem interessa, mesmo que utilizando a internet, corramos o risco de ter nossa obra apropriada indevidamente.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Não é um desabafo?

O tempo passa rápido, sabemos, e ontem vi que estou há um ano desempregado. Tirando um trabalho aqui, outro ali e uma colocação de prestação de serviço em uma empresa de seguros, que durou quase dois meses no inicio desse ano, estou em uma busca incessante e porque não dizer, infrutífera por um trabalho, preferencialmente na minha área: Analista de sistemas Mainframe.

Se isso parece um desabafo, pode ser. Se for, não é um desabafo qualquer. É um desabafo consciente, onde busco entender por que isso acontece, que mecanismos existem para que uma pessoa que tem formação universitária, duas pós-graduações, que trabalhou em grandes empresas em cargos de destaque como gerente e líder de equipe, tomando decisão e considerado “key position”, além de ter inglês fluente e espanhol aprendido na Casa de Espanha, não consegue uma colocação.

Quando mostro meu currículo o comentário é que ele é muito bom e por isso não devo aceitar qualquer colocação. Minha pergunta é: bom para quem, se não consigo nada? Para vocês terem noção do que eu digo vejam a seguir. Em uma entrevista de emprego na fase final, em uma empresa de telefonia móvel, para o cargo de gerente de projetos de informática, deu-se o seguinte diálogo entre mim e o gerente da área:

o Bem Sr. Carlos. Nós estamos fechados e o Sr. é o candidato que escolhemos. Falta só preencher essa ficha e iniciaremos o processo de admissão. Vejamos, qual a sua idade, por favor?
o Quarenta e nove anos (notem que eu disse dez anos menos da minha idade real).
o Quarenta e nove, é isso?
o É
o Eu pensei que o Sr tivesse um pouco mais de 40 anos (quem me conhece sabe que pareço bem menos idade do que realmente tenho) por causa do seu email
carlos38@.... .
o Eu tenho um pouco mais do que isso.
o Bem! Eu vou conversar com o meu diretor e depois entramos em contato. Boa tarde!
o Boa tarde.

Não é preciso dizer que esse contato nunca ocorreu. É! A questão é a idade. Como sabemos a nossa cultura não privilegia, em geral, e principalmente, profissionalmente, pessoas após determinada idade. Salvo profissões autônomas e altos cargos nas empresas, a idade não muito avançada (após 45 anos) é um cartão vermelho. É um paradoxo, pois cada vez se vive mais e a população com mais idade aumenta.

Na novela “Caminho das Índias”, atual folhetim das nove horas da TV Globo, vemos que nos países asiáticos, no caso a Índia, a cultura considera as pessoas idosas como um tesouro, pelo conhecimento e o que representam. Não vivemos na Ásia então.............

Preciso mostrar que devemos mudar esse paradigma, mas primeiro é preciso encontrar uma trabalho, mesmo que não seja na minha área profissional. Para isso, uso todos os meios que tenho, inclusive esse blog: internet (lista de amigos, sites especializados,etc), rede de amigos, conhecidos, parentes, anúncios, etc., mas está difícil.

Financeiramente não estou mal, o que ganho com a aposentadoria (sim... estou aposentado após mais de 38 anos contribuindo para o INSS) dá para viver modestamente já que moro em imóvel que não pago aluguel e tenho alguma poupança. No entanto isso melhoraria muito se pudesse ter uma colocação que me permitisse ter um ganho mensal maior.

No fundo, no fundo o caso não é exatamente esse. É o fato de ser uma pessoa plenamente capaz de desenvolver uma atividade, e ter uma consciência de ser útil ao meio em que vivo e por mim mesmo, capaz de prover e satisfazer minha existência.

Claro que desenvolvo atividades paralelas para ocupar o tempo ocioso como: estudo para concurso (estou começando a acreditar que essa é a única saída), pinto quadros abstratos, escrevo roteiros e contos esperando alguém reconhecer o valor e canto, embora essa é uma das atividades que menos exerço atualmente. São todas atividade paralelas, que não trazem ganhos, pelo menos atualmente, mas preenchem o meu espaço vazio.

Emocionalmente estou bem comigo mesmo e com quem está ao meu lado e isso é a melhor coisa que tenho. No mais é seguir, não se deixando abater jamais, kkkkkkk.

O trecho da música “Guerreiro menino (um homem também chora)“ abaixo, de Fagner, mostra condensadamente tudo o que eu quis dizer:

.......
seu sonho é sua vida e a vida é o trabalho

e sem o seu trabalho um homem não tem honra

e sem a sua honra se morre se mata
........

Realmente é um desabafo. Ninguém é perfeito........

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Fotografia

Máquinas analógicas X Máquinas digitais














Sou do tempo das máquinas fotográficas com filme de papel. Nenhuma vantagem, pois praticamente todos são. As máquinas digitais são recentes e a geração pós ainda são pequenos. Sempre gostei de fotografia e certa época eu achava que era o fotógrafo oficial da família. Cheguei a ter um equipamento muito bom, uma máquina Canon com lentes de “zoom” e “grande angular”. Me orgulhava das fotos que tirava e não me importava de andar com uma pesada bolsa a tiracolo. Desisti de tudo no dia em que, respaldado por excelentes fotografias tiradas na ocasião da formatura da minha sobrinha, fui convidado a tirar as fotos de formatura de outra sobrinha. No grande dia, devidamente posicionado, fiquei apavorado ao ver que alguma coisa não funcionava bem com a máquina. Por mais que eu mexesse não conseguia concertar. Então, fiz o que devia ser feito. Contratei um dos fotógrafos presentes para tirar as fotos que não conseguia e ninguém entendeu nada. Ainda bem que agi assim. As fotos que consegui tirar com a minha máquina ficaram horríveis. Coisas que acontecem. A máquina eu joguei no fundo do armário e ainda está lá.

Esse final de semana fiquei horas vendo, junto com alguns familiares, fotografias antigas de parentes que nem cheguei a conhecer. Ri muito, pois algumas das fotos eu mal podia ver o rosto. Fotos em preto e branco pequenas, sem nenhum atrativo mostravam pessoas em passeios, casamentos, batizados, aniversários, etc. Fotografia era muito caro na época e então só fotografavam ocasiões especiais. Os fotografados vestiam suas melhores roupas e faziam pose. Me diverti muito, pois tinha algumas fotos boas e outras que se fossem tiradas hoje, seriam descartadas com certeza. Aí fiquei pensando que com a chegada das máquinas digitais ganhamos algumas boas coisas tipo: as máquinas são fáceis de operar, as fotos ruins são imediatamente descartadas, as boas estão disponíveis imediatamente e podemos enviá-las para pessoas distantes facilmente. Mas o que mais importante, hoje é muito barato fotografar.


É, mas nem tudo são flores. Muitos devem lembrar como ficávamos eufóricos quando íamos buscar as fotos reveladas e, ali mesmo, sem esperar chegar em casa, ficávamos folheando as fotos, relembrando o acontecimento, felizes e satisfeitos com as boas fotos e reprovando as que não estavam legais. Ou então quando fazemos uma tarde de fotos antigas e aquilo se transforma em um acontecimento, envolvendo todos. Eu mesmo tenho, na minha casa, vários porta retratos e painéis com fotos que tento, sem grande sucesso, manter atualizado. Era mais fácil no passado. Agora tenho que selecionar, em “milhares de fotos” que estão no computador, qual a que vou revelar e aí as coisas terminam não acontecendo. É como se a fotografia perdesse um pouco a importância, pois tiramos milhares de fotos em poucos instantes.

A evolução tecnológica vai existir sempre e a tecnologia, dizem, vem para nos ajudar e facilitar a nossa vida. É mais do que isso. A evolução da tecnologia trás mudanças de costumes e a maneira com que interagimos com o meio a nossa volta. Sou da geração do papel, do tátil e quando o assunto é virtual, não fico muito à vontade, mas não dispenso computador por nada. Assim, tento unir o que há de bom na nova tecnologia ao que acho que é bom na velha.

Meu neto não é lindo?

(Foto tirada com uma máquina digital comum)