terça-feira, 14 de julho de 2009

Tia Zitinha, oitenta anos!

Experiência única é poder reviver a saudade. Vivenciar nem que seja um pouquinho, de fatos que se recorda com grande carinho, como querendo que eles se tornem realidade, mas que bem sei ser bem difícil. Então quando isso acontece, mesmo que seja um lampejo, é uma grande satisfação.

Nos seu aniversário puder viver um pouco o passado. Logo eu que estou sempre falando que meu tempo é hoje, me peguei escutando histórias da minha infância, dos meus parentes e dos meus avós e me deliciando com tudo aquilo. Reunidos, três gerações ou mais, todos levados pelo seu oitenta anos, matriarca da nossa família, vi passar por mim imagens e lembranças que morro de saudade.


Desculpe, se a lembrança mais forte não seja o baile, a grande noite que foi linda e que foi linda muito mais por mostrar uma oitentona radiante de felicidade e prazer. Podia ver nos seus olhos, olhos de uma menina de oito anos, uma alegria sem limite, que parecia querer aproveitar tudo até o bagaço.

A lembrança mais forte é a reunião do dia seguinte, uma espécie de “enterro dos ossos” sem ser pois , as iguarias que há muito eu não provava, foi o pano de fundo para as conversas saudosas. Sim, o que ficou mesmo foi todos reunidos a contar histórias, lembranças de tempos idos. Não, eu não pensava que iria receber isso de presente.

Pude de forma real reviver as minhas lembranças e um medo forte me apossou. Quando eu poderia passar por uma experiência dessa outra vez? Não falo por você que para mim irá ultrapassar os cem anos, mas por mim que tenho a impressão, não serei tão longevo. Tranqüilo, pois saiba que eu enquanto estiver por aqui, meu tempo será sempre “hoje”, mas com muito gosto farei incursões ao passado para reviver outras saudades.

Talvez você não saiba, mas eu sempre te admirei e tentei ao meu jeito te imitar, ser um pouco você. Claro, quem não quer ser uma pessoa lutadora, que enfrenta a vida de cara lavada, às vezes até com medo, mas não deixando ele te dominar. Admiro muito a sua força, a sua capacidade de enfrentar os desafios, vencê-los e seguir em frente sem deixar de ser doce e dar amor a todos que precisava de você. Que os outros sobrinhos não me leiam, mas eu me considero o sobrinho predileto. Pensava que se eu fosse um pouco você eu seria muito. A sua vitória é um pouco minha.

E eu ali, sendo um pouco testemunha, mas com certeza um participante ativo de um pouco da sua vida. Vida que nos separou fisicamente, mas nos mantém juntos em pensamento. Poucas vezes me senti tão bem e fica a certeza que é preciso muito pouco para se ser feliz. Eu ali junto aos meus, bebendo das minhas raízes e sendo um pouco do que ficou pelo tempo.

Um beijo

2 comentários:

  1. "Felicidade se acha em horinhas de descuido" (Guimarães Rosa). Parabéns a Tia Zitinha e muitos anos de vida. Pessoas como ela são um verdadeiro tesouro.

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  2. Carlos Fernando:

    Hoje li uns dos seus registros do cotidiano. Não é pelo parentesco, mas você tem muito jeito pra este negócio de escrevr. Parabéns.

    Obrigado por ter colocado minha foto junto a você e a nossa tia.

    O comentário sobre as máquinas fotográficas e bem aquilo mesmo. Tenho uma Pentax e objetiva. Há muito não pego nela, mas teve seus bons momentos.

    Continue a colocar seus comentários. Gostei de lê-los

    Willi Barros

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